Sobre cuidados paliativos

No “3º congresso internacional de cuidados paliativos”
Fui convidado a realizar, juntamente com os professores Jaime Ribeiro e Filipe Antunes, o workshop “Transformando os Cuidados Paliativos: Soluções de Mobilidade, Vida diária, Conforto e Comunicação com Produtos de Apoio”.
Pedi a todos os participantes que escrevessem uma frase, expressão, palavra ou ideia que lhes viesse à cabeça sobre cuidados paliativos. Podia ser apenas valorizar alguma coisa, podia ser um “desabafo”, podia ser passar uma mensagem ou fazer um pedido:
- “Acessibilidade”
- “Preconceito”
- “Promover conforto no posicionamento”
- “Produtos de apoio também são vida”
- “Adaptar a realização de atividades de vida diária à capacidade individual, sobretudo em situação de fragilidade”
- “Valorização das capacidades que cada pessoa ainda tem para manter a autonomia e potenciar o máximo de independência possível, mesmo que seja nas últimas horas de vida”
- “Proporcionar conforto mediante uso de produtos/tecnologias de apoio” “Promover autonomia do doente”
- “Promover a independência do utente com vista à diminuição da sobrecarga do cuidador
Deixo para o fim o desabafo que mais me marcou e que mais ressonância teve com todo o grupo:
- “Existe um desacreditar muitas vezes e um desinvestimento nestas pessoas.”
Reflexões
A maioria das pessoas associa imediatamente cuidados paliativos ao cuidado de alguém em fim de vida, cujo objetivo principal é atenuar sofrimento.
Mas, cuidados paliativos são aplicáveis a pessoas com muitos anos de vida ainda pela frente, situações de doenças crónicas ou por exemplo doenças progressivas. Existem pessoas enquadradas em cuidados paliativos com enorme potencial por aproveitar, com capacidades por aproveitar.
Para além disso, sabemos que o envolvimento, a participação em diferentes atividades, a capacidade de realizar tarefas tem forte impacto emocional, capaz de aliviar sofrimento.
Promover autonomia e dignidade devem ser pilares em qualquer tratamento na área da saúde. Devem estar presentes também nos cuidados paliativos. Sempre!
“Sim, as pessoas não fazem um investimento em produtos de apoio porque acham que não vale a pena por ser fim de vida. Tive uma discussão com a nossa pediatra por causa disso. Dizia ela que se está quase a morrer não precisa de uma cadeira de rodas a custar tanto dinheiro…”
Vamos estar atentos e procurar que isto não aconteça.
Não ter capacidade financeira para determinada resposta é diferente de achar que não vale a pena lutar por ela. E se calhar, no fim de contas, até existe capacidade financeira.
O impacto na qualidade de vida
Os produtos de apoio, e poderia especificar as cadeiras de rodas elétricas com diferentes funções, os comandos especiais, podem ter um impacto enorme na qualidade de vida destas pessoas, se bem aplicados e desde o mais cedo possível quando existe necessidade.
Alertar e sensibilizar
Mas, mais do que os produtos de apoio, queria alertar e sensibilizar para esta realidade.
Como podemos perceber pelas mensagens dos participantes, existe “preconceito” sobre o tema, “existe um desacreditar”, mas devemos “promover autonomia e independência”, devemos “adaptar” e “valorizar capacidades”, “promover conforto” e utilizar, quando aplicável “produtos de apoio que são vida”.
Sempre, “mesmo que seja nas últimas horas de vida”.
Workshop
No workshop tive oportunidade de discutir alguns princípios de posicionamento e mobilidade em cadeira de rodas, promovendo conforto e funcionalidade e apresentar algumas soluções de comandos especiais em cadeira de rodas elétrica.
Nas duas edições anteriores mostramos dois casos com utilização de dois comandos especiais diferentes.
Fale connosco
Se tiver dúvida sobre potencial capacidade ou qual a melhor solução para alguma pessoa que conheça, não hesite em marcar avaliação connosco (recordo que é gratuito).
No próximo artigo partilhamos o processo de avaliação de uma criança inserida num centro de cuidados paliativos. Foi preciso “partir pedra”.
Vamos impactar vidas, uma de cada vez.
Se quiser agendar uma avaliação ou uma conversa, envie-nos um email para geral@tsimetria.com.
Se quiserem, dêem-nos feedback! Queremos sempre melhorar.
Joao Aires, TemperSimetria.